sábado, 3 de agosto de 2019

Haziel- Parte XII


Joana estava tão absorta, que não percebera que a noite já avançava. Desde que se dera conta de que Haziel preenchera o vazio que havia surgido em sua vida com a morte de Alberto, bem como a ausência de seu pai, ela temia que ele se fosse assim como surgiu, “num passe de mágica”.
E parecia que ele havia notado essa sutil mudança, pois agora reagia a ela como se tudo entre eles fosse feito de vidro, frágil e quebradiço.
Como dizer a ele sobre suas inseguranças?
Levantou da areia e caminhou por aquele pedaço de terra úmido, sentiu um leve tremor quando as ondas geladas lhe tocaram os pés descalços. A brisa do mar soprava leve e o som do vai e vem das ondas era um calmante para seus pensamentos agitados e perdidos.
O mar tinha esse efeito sobre ela. Era como estar em casa.
Aline a havia questionado sobre o que estava acontecendo de errado entre eles. A princípio, ela negou, mas a amiga a conhecia tão bem. Como poderia mentir?
_Não aconteceu nada Aline! É só que... É... Eu só não quero que ele se torne tão importante pra mim que tenha medo de perdê-lo. - Aline a fitava de forma inquisitiva e preocupada, como se faltasse algo que Joana não queria lhe dizer.
E havia muitas coisas, outros sentimentos, em que não queria mexer. Sentimentos com os quais não estava pronta para lhe dar. Ainda!
Fechou os olhos e respirou fundo recordando as palavras da amiga.
_Eu só não quero que você se magoe!


Abriu os olhos e deu as costas para o mar, cada passo que dava para alcançar o calçadão parecia pesar uma tonelada. Não que voltar para casa e estar com Aline lhe causasse desconforto, ela só não queria camuflar seu semblante para que Aline não se preocupasse tanto.
Quanto Haziel, ele parecia saber o momento certo para se manter distante ou se aproximar. Não a estava pressionando ou questionando sobre o que havia de errado. Deixando-a à vontade para sentir seja lá o que estivesse sentindo.
De uma coisa ela tinha certeza e absoluta, ela desejava Haziel com todas as terminações nervosas do seu corpo. Ansiava estar com ele, era mais que desejo físico, era urgência e torpor. Sentia que já o amava mesmo que negasse para si mesma.
E negava! 
Continua...

Anita dos Anjos



Continuem apreciando o Conto!
Beijinhos, bye...



segunda-feira, 17 de junho de 2019

Haziel- Parte XI


Quanto mais tempo passava ao lado de Joana, mais Haziel questionava sua busca por respostas.
Mesmo os sentimentos de Joana moldando-se aos dele, mesmo após tantas décadas percorrendo cidades, países... Ainda assim ele não compreendia a profundidade e ou a amplitude da fé que regia e era a base na vida de tantas pessoas.
Quando Joana alimentava animais e moradores em situação de rua ou era totalmente gentil com estranhos dentro de conduções, dando seu lugar para se sentarem... Nessas ocasiões, ele podia ver toda sua aura brilhar, daquela forma tão familiar para os anjos e arcanjos. Não só a Humanidade de Joana ficava em evidência, como o amor que havia em seu coração e ela fazia tanta questão de esconder e disfarçar desde a morte de Alberto.
Ele sabia o quanto ela se sentia perdida, confusa, culpada; mas agora quando estavam juntos, ele podia ver que ela tentava preencher todos esses abismos com o sentimento que começava a surgir entre eles, mas será que era certo deixar que isso acontecesse? Não estaria ele deixando tudo isso ir longe demais? Pois a maior questão de todas era... Ele abriria mão de sua divindade por um amor mortal?!
Um amor que pode ser tão superficial quanto passageiro... Volúvel!
Por semanas estava evitando os questionamentos de Joana: “_Você já foi casado?” “_Onde você mora?” “_Com quem você mora?” “_Seus pais ainda estão vivos?” “_Tem irmãos?” “_Onde trabalha?”
Porque os seres humanos eram tão curiosos?!-pensava Haziel.


O que ele podia fazer nessas horas era mudar o foco do assunto beijando-a, isso entorpecia a ambos e todo resto deixava de ser relevante.
_Eu não me canso de olhar você sorrindo, sabia?!-disse Joana fitando Haziel com ternura. Estavam aconchegados no velho sofá na casa da sua amiga, Aline. Ela estava sentada em seu colo, de frente para ele e enquanto falava, mordiscava o lóbulo de sua orelha, sua boca subindo e descendo pelo pescoço de Haziel.
_Não consigo evitar, com você me fazendo cócegas o tempo todo!- repreendeu ele, carinhoso.
_Não estou te fazendo cócegas, estou te provocando!- replicou Joana, abafando as palavras enquanto o mordia mais uma vez na curva do pescoço.
_Que culpa eu tenho se suas mordidinhas me fazem sorrir?!-disse ele soltando uma gargalhada.
A risada ecoou por toda sala de estar, Joana sentiu seu coração se encher daquele som doce e penetrante.
 Não somente o som da sua voz, mas também seu cheiro, seu calor... Tudo em Haziel a fazia o querer mais e mais, como uma droga... Como um vício!
E de repente ela sentiu um leve tremor ao recordar-se de todas às vezes que se embriagou e drogou para fugir da realidade. Para esquecer a dor e não pôde deixar de pensar se não estaria substituindo um vício pelo outro?                

Um medo súbito lhe invadiu a alma! 


                                    Continua...

                                  Anita dos Anjos



Helloooo... Já se passaram sete anos desde a minha última postagem!É com muita felicidade que estou retornando ao Blog. Vou finalizar o Conto Haziel e em breve teremos novidades por aqui! Estarei visitando á todos... Desculpem a ausência, tão, tão prolongada e agradeço o carinho dos amigos blogueiros. Por favor, continuem apreciando o Conto...


Beijinhos, bye.


domingo, 5 de agosto de 2012

Haziel- Parte X


 Sentia o coração dela batendo descompassado e seus lábios entre abertos o convidavam silenciosamente, ela o beijou novamente e suavemente como se temesse que ele agora fugisse. Haziel arqueou sobre ela e quando Joana aprofundou o beijo, ele se entregou ao que estava sentindo. Seu corpo vibrava ao toque dela e todas as sensações de Joana se misturaram as dele, deseja-a intensamente.
Passou a mão pelos cabelos dela, desenrolando os fios nas pontas dos dedos, afastou-se para contemplá-la. Percorreu o contorno de seus lábios com o polegar esquerdo, enquanto apoiava o peso do corpo no braço direito, Joana o segurava pela gola de sua surrada jaqueta preta. Emanava um medo irracional de que Haziel a rejeitaria. Será que ela não via o quanto ele a desejava?-pensou ele.
 Seus olhos percorreram a curva suave de seu pescoço, indo parar no escapulário que Joana trazia. Foi ele que ela segurou no dia do acidente, o dia em que tentou se matar. Haziel sabia que pertencia a Alberto, foi a única coisa do irmão que Joana pegou antes de sair da casa do pai.
Percebendo o olhar de Haziel, ela recuou um pouco e uma sombra negra pousou em seus olhos. Ele a encarou profundamente e sorrindo, abaixou-se beijando levemente a medalha do escapulário, Alberto era devoto de São Jorge.
Quando seus olhos se encontraram novamente, os olhos de Joana estavam marejados, Haziel os cobriu com beijos.
_Joana, eu também não vou a lugar nenhum. -sussurrou.
 Enlaçando-a pela cintura, ela a trouxe para junto de si, abraçando-a fortemente. Ele a beijou docemente, ela tremia e sua respiração entre cortada o entorpecia. Um gemido rouco escapou dos lábios de Haziel e deitando na areia fria e úmida da praia, trouxe Joana consigo.
  A lua cheia já banhava o oceano e derramava sobre ele sua luz, ao longe o som do vento ecoava nas dunas de areia que se formavam no final do grande calçadão. A orla estava deserta e a noite fria recebia uma ou outra gaivota que ainda planava por ali.
 Joana se entregou completamente, todo seu corpo vibrava, enquanto suas mãos percorriam o corpo de Haziel, gravando minuciosamente em sua mente todos os detalhes. A pele quente e macia, os pelos levemente arrepiados dos seus braços, o aroma de violeta que estava em toda parte e o sabor doce do seu beijo. Gravaria Haziel em sua mente e em seu coração. Sabia que nunca mais se esqueceria desse momento.

 _Joana... – Haziel acordou sobressaltado, chamando por Joana, sonhou que caia do céu, num abismo sem fim.
Olhou em volta, buscando-a, ela estava na beira do mar, encarava o oceano com o sol despontando tímido no horizonte, os braços em volta do corpo deixavam-na mais frágil e indefesa. Ele foi até ela, abraçou-a por trás, encaixando seu rosto na curva do pescoço dela, ela fechou os olhos e suspirou.
O dia estava nascendo mais uma vez e havia tido a noite mais maravilhosa da sua vida, ainda podia sentir o calor de Haziel, sua boca percorrendo todo seu corpo, seus corpos como um só e em seu ouvido ainda ecoava o som dos seus suaves gemidos... 
                           Continua...
                                  Anita dos Anjos



Desculpem a demora em postar, agradeço o carinho dos amigos blogueiros e continuem apreciando o Conto...

Beijinhos, bye.  


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