quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Haziel Parte VII


 As ondas tocavam seus pés descalços, ao longe se ouvia gaivotas cantando e o sol, hora atrás das nuvens, hora não, aquecia sua face quando ela fitava o céu. Caminhava pela areia ao lado de Haziel, havia um entendimento silencioso entre eles, como o que há entre velhos amigos ou os grandes amores. Joana sentia-se em paz, seu cabelo jogado no rosto vez ou outra pelo vento, enquanto Haziel fitava o oceano, num movimento suave e inesperado segurou a pequena mão de Joana, fazendo com que ambos se olhassem. Ela sentiu suas pernas fraquejarem e seu estômago contorcer, o coração acelerado, batia violentamente em seu peito tornando sua respiração irregular. O toque dele sempre causava esse efeito nela. Haziel a encarou profundamente, como se quisesse desvendar a sua alma, ele a inquietava quando a olhava assim, sentia-se impotente e desprevenida; queria estar no controle de suas emoções, mas o olhar de Haziel fazia com que ela se esquecesse de tudo, até mesmo de respirar. “_Meu Deus, o que esta acontecendo comigo?”-pensou.
Haziel parou, fazendo com que Joana parasse também. Ainda segurando uma das mãos de Joana, a trouxe para junto dele, para que ficassem frente a frente, segurou uma mecha do cabelo dela entre os dedos, enrolando-a. Ela entre abriu os lábios e sua respiração falhou, estavam tão próximos, que ela pensou ter ouvido o coração dele batendo alto também.
_Joana... –Haziel sentia uma confusão de sentimentos dentro dele, os sentimentos de Joana se misturavam aos dele. Lembranças, sensações... O que ele estava sentido por aquela mortal, tão frágil e humana?
 Ao longo dos anos, enquanto convivia com os seres humanos, Haziel desejou por inúmeras vezes que Deus jamais os tivesse criado, mas sempre que encontrava pessoas boas, dignas e com fé e amor no coração, entendia o amor de Deus por seus filhos.
Como eram controversos seus sentimentos! Como ainda ter fé num mundo tão desigual? E ali estava ele, diante de um ser humano que perdeu a pessoa que mais amava! Que desejou dar a vida pela do irmão e ainda assim sentia fé em Deus, mesmo não admitindo. Ela acreditava nele, no amor e no perdão dele, mesmo com o coração carregado com a dor da perda, Joana não sabia odiar e com certeza não pecaria contra a vida.
Haziel a beijou, tão suavemente, como se temesse que ela fugisse. Seus lábios tocaram os dela e ambos se entregaram com amor, o beijo se aprofundou e o mundo à volta deles pareceu estar girando.
Joana levou a outra a mão à nuca de Haziel, puxando suavemente seu cabelo castanho-escuro e levemente encaracolado com as pontas dos dedos. Ela desejou que aquele momento durasse pra sempre, que os braços que agora a envolvia, jamais a abandonasse, mas havia o medo da perda. Recordou-se do sofrimento de Aline ante a perda de Alberto e no quanto o amor pode ser voraz. Subitamente se afastou, empurrando suavemente Haziel, que desorientado a encarou com surpresa.
_Não posso... Haziel! Sinto muito... –uma lágrima correu pela face de Joana ao perceber que Haziel a olhava desamparado, como se já soubesse o que ela iria dizer.
Num instante Joana já corria pela praia, tomando o caminho de volta. Seus pés pisavam fortes e desajeitados na areia branca, fazendo pequenos buracos e levantando-a. Levou a mão ao rosto para limpar as lágrimas que caiam, sem olhar pra trás chegou ao calçadão.
Haziel a viu partir, sabia que ela precisava ficar sozinha. Fitou o mar, com o sol se pondo no horizonte e respirou fundo. Porque eram tão complicados os sentimentos humanos? Porque o medo de se entregar, de se arriscar, quando a vida é tão frágil e passa num piscar de olhos?     
 Seu coração batia tão rápido, o sabor do beijo indo e vindo na sua boca e a lembrança da sensação de ter Joana em seus braços.
_Joana o que você esta fazendo comigo? –pensou.
 
Continua...
Anita dos Anjos


Olá pessoal... Muitas saudades de todos! Aos poucos minha internet volta a funcionar, não moro em uma ilha, mas o sinal aqui é péssimo! (risos) Me falaram, há algum tempo atrás, que Haziel não é mais um Conto e sim uma estória, pois é... Espero que continuem apreciando e aguardo comentários e opiniões sinceras! Estarei visitando todos...
Mil beijinhos, bye bye!

“Vem cupido, soltar-me destes laços
Ou faz de dois semblantes um semblante
Ou divide o meu peito em dois pedaços.”
Alvarenga Peixoto


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