Abriu os olhos assustada, uma brisa suave
tocava seu rosto e o ar cheirava a violeta. _Onde estou?-pensou. Sua cabeça
latejava levemente e sentia um gosto horrível na boca. Sentou-se devagar,
levando a mão aos olhos para cobrir a claridade, estava na praia. Recordava-se
da noite passada, depois de beber um pouco, acabou na praia onde adormeceu na
areia.
O cabelo desgrenhado estava sobre seu rosto,
puxou o elástico do pulso e o prendeu em um rabo. Mirou o oceano, as ondas indo
e vindo num ritmo suave, o mar estava totalmente calmo. Gaivotas planavam em
busca de alimento. O sol pairava no céu sem nuvens.
Joana suspiro fundo. Estava cansada de fugir.
Levantou-se sacudindo a areia da roupa, seria uma boa caminhada até em casa.
A casa
de Alberto e Aline. -pensou ela.
_Olha quem resolveu aparecer! –Aline estava
deitada no sofá lendo quando Joana entrou. Pelo tom sarcástico de sua voz não
estava nada contente.
_Precisamos conversar Aline.
_Estou muito ocupada agora!
Parada ao lado do sofá, encarando a amiga com
os braços cruzados no peito em sinal de defesa, Joana enxugou uma lágrima que correu por sua face. Sentia-se exausta, mas
queria dizer a Aline o quanto a amava.
_Eu te amo. Você não é somente uma amiga, mas
também é uma irmã. Não quero mais fugir de você.
Nesse momento Aline fechou o livro e fitou
Joana, que secava as lágrimas que desciam. Abriu os braços e num gesto de
cabeça, chamou Joana para seu colo. Ambas se abraçaram.
Num soluço rouco e profundo, Joana deixou que
viesse em torrentes toda dor que havia guardado durante todos aqueles meses e
num piscar de olhos viu o último olhar do irmão, o olhar de preocupação que
Alberto lançou a ela antes de morrer, ele temeu por ela. Então soube, que
Alberto a amava e não havia morrido com raiva dela.
Ela se odiou e odiou o fato de ter
sobrevivido, mas principalmente odiou a indiferença do pai. A culpa que ele lhe
atribuiu.
Cinco dias depois.
Ela o avistou, ele estava sentado na areia,
olhava intensamente o mar, uma leve brisa vinha com as ondas e o sol suavemente
tocava o seu rosto. Sabia que o encontraria aqui, no mesmo lugar em que se
beijaram. Ao se aproximar dele, sentiu um leve aroma de violeta. Parecia tão
familiar. Sentia-se voltando pra casa.
Se ele percebeu sua aproximação, nada
demonstrou. Imóvel, fixo, assim ele permaneceu.
Joana sentou ao seu lado e por alguns
instantes ficou também imóvel fitando o mesmo mar que Haziel fitava, seu
coração selvagem pulava dentro do peito, pedindo loucamente pra fugir.
A respiração irregular. Suas mãos tremiam e
todo seu corpo vibrava. Como seu corpo podia responder assim a presença dele?
Será que ele sabia o efeito que causava?
Ela buscou sua mão, segurando-a. Levemente,
como se ele a estivesse aguardando, ele a encarou, os grandes olhos castanhos mel encarando-a amorosamente. Naquele momento,
ela soube que já não podia ficar longe dele e que todos os seus temores se
tornariam reais, por que já o amava e temia mais que tudo perde-lo.
O sol ia se despedindo, o entardecer laranja
avermelhado anunciando a noite. As ondas do mar ecoando ao longe nas pedras e a
brisa salgada e suave soprando.
Se inclinando pra ele, ela o beijou, seu
hálito quente e doce a deixaram inebriada e tonta. Aprofundou
o beijo, segurando-o levemente pela nuca.
Recuou um pouco e tomando fôlego disse com a
voz rouca e trêmula: _Não vou a lugar nenhum...
Continua...
Anita dos Anjos☆
“A melhor
parte do amor é perder todo senso da realidade.”