terça-feira, 29 de novembro de 2011

Sorteio Prorrogado e Conto: Haziel - Parte V


Queridos amigos, o sorteio esta sendo prorrogado! Para os que ainda não tiveram a chance de se inscrever, inscreva-se. O sorteio será realizado no dia 02/12 sexta-feira. Para fazer a inscrição basta preencher os dados na página ao lado ”Formulário do sorteio” e divulgar o selo comemorativo e banner do sorteio. Obrigado a todos pelo carinho!


Parte V- Conto: Haziel


 Uma corrente elétrica percorreu todo seu corpo, o estômago contorceu levemente, suas pernas bambearam e seus olhos ficaram fixos naqueles olhos que a encaravam de volta. Por um breve momento fitaram-se como se o mundo a sua volta não existisse. Ela jurava que ele podia ouvir seu coração bater.
_Sua chave!-ele falou suavemente colocando a chave na mão dela, trazendo-a de volta a realidade. Deveria estar parecendo uma boba daquele jeito de boca aberta. Levantaram juntos, ela segurando a chave e ele colocando as mãos nos bolsos do casaco.
_Ah, obrigado! É... Não precisava... Foi gentil da sua parte, não precisava se incomodar.
_Imagina! Incômodo nenhum... Aliás, a culpa foi minha, eu esbarrei em você. - sua voz era firme, mas suave.  
_Eu nem percebi, acho que minha cabeça estava no mundo da lua... - ela sorriu sem graça, jamais alguém tinha causado esse tipo de efeito nela.
Os dois estavam parados na calçada úmida, enquanto falavam nuvens de vapor saiam de suas bocas. Seus olhares se encontravam e ela de vez em quando focava a boca dele. Ele era mais alto que ela, cabelos castanhos desgrenhados emolduravam seu rosto, de traços firmes. Parecia ter uns trinta anos, olhos castanhos mel, cílios negros e grandes e a boca levemente carnuda. _De onde veio esse cara?- pensou ela.
Ele sorriu, encarando-a. Olhava dentro dos olhos dela, queria entender a fé que ela sentia. Queria entender porque ela havia tentando se matar e ainda assim desejava tanto viver. Sabia que ela havia se arrependido de se jogar na frente daquele carro e que desejava o perdão de Alberto. _Que tal se eu te pagar um café? Pra compensar pelo esbarrão.
_Acho melhor eu ir andando, mas obrigado pelo convite. - Joana sentia que podia confiar nele, mas não estava pronta para se envolver com alguém. _Foi um prazer te conhecer!
_Mas você nem me disse seu nome?
_Ah, é mesmo a gente nem se apresentou!- dizendo isso Joana estendeu sua mão. _Meu nome é Joana.
Retribuindo o gesto ele tirou uma das mãos do bolso do casaco e apertou a mão dela. Subitamente seu coração acelerou e ele sentiu uma mistura de angústia e felicidade. A mão dela era quente e macia, tão pequena e frágil. Sabia agora quem era Alberto e porque Joana sofria, entendia a raiva e o rancor, mas não compreendia porque ela ainda sentia fé.
_O meu é Haziel! E é um prazer te conhecer... - disse sorrindo.
_É um prazer, Haziel! Então a gente se vê por aí... Está começando a garoar e...
Haziel olhou pra cima, fechando os olhos respirou fundo, em seguida olhou Joana nos olhos soltando sua mão. _É... Vai chover! Tô vendo que não trouxe guarda-chuva! É melhor se apressar.
Joana sorriu encantada pelo comportamento diferente e cativante dele, ele transmitia paz e segurança.
_Então, tchau Haziel! – ela seguiu pela calçada, parado, ele a viu se afastar. Antes de virar a esquina, ela olhou pra trás, encarando-o por instantes antes de desaparecer de vista.
 Seu coração estava descompassado, suas bochechas quentes e tinha certeza de que estava vermelha. Aquele aperto de mão foi mágico. Sem contar que ele cheirava a violeta. Todo seu corpo ficou arrepiado e nem sabe como conseguiu fazer com que suas pernas a obedecessem. _Haziel!- disse o nome dele baixinho. Ele a impressionou, não podia negar, mas não merecia se sentir feliz. Não tinha o direito de ser feliz. Não quando havia sido responsável por tanto sofrimento. Pensou em Aline e no quanto estava sendo má com ela. Tinha medo de se abrir para amiga, não queria criar a ilusão de que tudo ficaria bem. Mais cedo ou mais tarde, ela iria embora. Aline merecia ser feliz, depois de ter sofrido tanto com a morte de Alberto. Afinal eles haviam se casado meses antes do acidente.
Uma lágrima desceu pela face de Joana ao recordar o dia do casamento do irmão. Dias felizes! _Porque ele e não eu?- pensou. Joana sentia que ela devia ter morrido e não Alberto. De repente a chuva caiu em torrentes, em segundos estava encharcada, com o cabelo já grudado em seu rosto, visualizou a entrada da casa de Aline, as luzes da sala estavam acesas. Será que ouviria um sermão?

Continua...
Anita dos Anjos 



“O mundo é mágico.
As pessoas não morrem,
Ficam encantadas.”
              Guimarães Rosa



terça-feira, 22 de novembro de 2011

Aniversário do Blog


O Blog diarios-do-anjo esta comemorando um ano!
 No início o blog era uma forma de desabafar os sentimentos ruins, mas hoje representa muito mais. Hoje esse cantinho que criei representa os meus sonhos, hoje o diarios-do-anjo é uma extensão de mim, onde compartilho a poesia da minha alma, meus Contos, minhas alegrias e tristezas.
 Em agradecimento aos amigos e parceiros ao longo destes 365 dias quero dedicar um selo especial de aniversário e sortear a todos que quiserem participar uma singela lembrança, um presente. Então durante essa semana todos os meus amigos terão a oportunidade de participar do sorteio. Basta divulgar o selinho comemorativo do diarios-do-anjo e o banner do sorteio em seu respectivo blog, preenchendo os dados solicitados na página “Formulário do Sorteio”. Lembrando que o sorteio será realizado no dia 29/11 e o prazo de entrega serão de 15 dias após a notificação do ganhador, que será feita aqui no meu blog.

Selo Comemorativo 

Será sorteada a Saga As brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley, composta de quatro livros: A senhora da magia, A grande rainha, O gamo- Rei e O Prisioneiro da árvore.


Eu já li toda a saga e super recomendo!

O meu agradecimento carinhoso a todos que fazem parte do meu cantinho e espero que apreciem o presente. Gostaria de presentear a todos, mas infelizmente o blog ainda não possui recursos financeiros para tal feito, mas quem sabe no ano que vem. Estou com novas ideias para parcerias e estou aberta a sugestões e comentários.
Participem e não deixem de levar o selinho e o banner do sorteio! 
Muitos abraços e beijinhos especiais a todos! Obrigado gente! Não deixem de comentar sobre o novo visual do blog e continuem acompanhando meu Conto: Haziel, na proxima postagem Parte V.
Bye, bye...




quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Conto: Haziel- Parte IV


  _Acho melhor você não sair! Ainda esta se recuperando!- Aline gesticulava para todos os lados, daquele jeito que algumas pessoas fazem quando se expressam com as mãos, tentava convencer Joana de que devia esperar mais alguns dias para sair de casa. _ E a sua cabeça? Os pontos acabaram de cair!
_Caramba, Aline! Eu tô bem! Tá parecendo uma mãe chata! Preciso sair e dar uma volta! Estou trancada aqui dentro há dias... Não entende?- bufou Joana enquanto procurava seu único cachecol.
_Então eu vou com você! Joana escuta, eu vou com você.
_Não preciso de babá! Eu tô bem, parece até que você quer me vigiar.
 Joana parou cruzando os braços, encarava a amiga seriamente, as bochechas vermelhas, enquanto Aline se jogava no sofá em sinal de derrota.
_Ok. Você venceu! Vai dar seu passeio, eu prefiro mesmo ficar em casa a caminhar com esse tempo úmido e estragar meu cabelo!
_Eu sei o que tá pensando! Acha que vou sair pra beber ou me drogar, não é?- por um momento continuou encarando Aline, mas logo desviou o olhar fitando o chão, bem em baixo da cadeira estava o bendito cachecol.
_Achei você!- inclinou-se para pega-lo e depois começou a arrumá-lo no pescoço.
_Não precisa dizer nada Aline! Entendo você, mas se não confiar em mim, acho que não vou ficar aqui!
_Você sabe que não é isso! Me preocupo com você, pode ter uma recaída! E eu sei que não seria sua culpa, precisa de ajuda para superar tudo isso!
 _Não é problema seu! É meu! É comigo! Te agradeço muito por tudo, mas não pode me comandar...
 Joana terminou de ajeitar o cachecol, enquanto Aline a fitava do sofá, seu semblante triste, denunciava que não estava satisfeita com a atitude da amiga.
_Ok? ...Tchau!- Joana pegou o celular e a chave na mesinha da entrada ao lado da porta, se despedindo bateu a porta atrás de si, não dando chance a amiga de responder. 
Aline suspirou fundo, dizendo pra si mesma: _Então tá! Tchau.
 Estava difícil lidar com os maus hábitos de Joana, fora o humor. Sua bagunça desordenada a irritava, pois além de gostar das coisas em ordem, Aline gostava de chegar em casa após um dia cansativo do trabalho e encontrar a casa na mais perfeita paz e ordem, sendo que agora quando chegava encontrava o som no último volume, a televisão ligada sem ninguém assistindo, comida no tapete da sala, copos sujos na pia e muitas outras coisinhas que irritam os compulsivos por limpeza e rotina.
 Enquanto seguia pela calçada úmida, Joana respirava fundo, inalando o cheiro da noite. Sempre gostou de caminhar à noite, aproveitava pra pensar na vida. Recordava agora o acidente, tentava lembrar os detalhes daquela noite. Tinha quase certeza de que tinha visto uma luz e havia aquela sensação de paz que sentiu. _Será que estou ficando louca!- pensou.
Antes que se desse conta, esbarrou em alguém. Foi um leve esbarrão que a fez derrubar as chaves.
_Desculpa!- uma voz a tirou do devaneio e ao mesmo tempo em que ela abaixou para pegar as chaves, a pessoa em que havia esbarrado abaixou também e os dois pegaram na chave ao mesmo tempo. Foi quando o aroma de violeta invadiu as narinas de Joana, fazendo-a encarar a pessoa a sua frente.
                             Continua...
                                                                          Anita dos Anjos


“Graças à amizade estão
Presentes os ausentes,
Os pobres são ricos,
Os covardes ficam valentes
E o que é mais incrível
Os mortos vivem.”
              Cícero




quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Conto: Haziel- Parte III


  Havia uma semana que Joana estava na casa da amiga, depois de receber alta do hospital aceitou o convite de Aline, mesmo tendo em mente que voltar aquela casa traria lembranças muito fortes de Alberto.
Lembranças de dias felizes.
Ela não queria admitir pra si mesma que desejava voltar a fazer parte da vida da amiga, de certa forma sentia que estava voltando pra casa. A casa de Alberto.
 Sentada agora no degrau da frente da casa, fitando as flores que Aline sempre gostou de cultivar, a árvore onde a amiga e Alberto escreveram seus nomes dentro de um coração, a caixa de correio metade rosa e metade azul, que os dois brigaram pra colocar. Lembrou-se desse dia, Alberto e Aline discutiram para escolher a cor da caixa de correio e de como ela caiu na risada, por ser uma coisa tão banal, no final resolveram deixar de duas cores. E lá esta ela, a caixa de correio da discórdia, como ele costumava chamar, no mesmo lugar onde ele a colocou.
 _Não tive coragem de pintar!- disse Aline ao se aproximar, sentando ao seu lado.
Joana manteve o olhar fixo na caixa, os olhos cheios d’água. Como encarar a amiga e dizer que foi responsável pela morte do próprio irmão. Ela o matou naquela noite! Ela o tirou de Aline!
_Eu o matei!- Joana sussurrou, foi mais uma confissão para si mesma que para a amiga. _Foi minha culpa!
_O que esta dizendo Joana?- Aline a encarava, a voz embargada de emoção, os braços apoiados nos joelhos.  
_Eu o matei! É isso que quer ouvir! Eu o matei!- a voz de Joana agora estava carregada, parecia cuspir as palavras como se fosse veneno. _Então não vai dizer nada? Não vai me bater? Me expulsar?- Joana encarou Aline, os olhos vermelhos saltados, a boca crispada, o semblante distorcido. Feio! Parecia tão mais velha! O rosto cheio de amargura.
Aline suspirou e uma lágrima desceu sobre sua face, seus lábios levantaram levemente num movimento de “um quase sorriso”.
_Então é isso! É por isso que fugiu de mim, do seu pai... De todos? Você se culpa pela morte do seu irmão? Como pode pensar uma coisa dessas? Ah, Joana... – abraçou-a, Joana ainda encolerizada, ficou sem reação. Apenas se deixou abraçar, caindo num choro desesperado. Aline lhe tirou os cabelos do rosto molhado, deixando que todas as lágrimas descessem pela sua face e molhassem seu ombro.
 Agora ela entendia porque Joana havia fugido, começando a beber e a se drogar. Ela se culpava e estava se castigando por isso.
O atropelamento!- Aline lembrou.
_Não pode ser... - pensou.
 O importante é que Joana estava em casa de novo e agora iriam resolver as coisas.

                 Continua...
Anita dos Anjos


Estou ouvindo Here with me de Dido...



quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Conto: Haziel- Parte II


 Abriu os olhos lentamente, a luz ofuscava sua visão. Aos poucos o mal estar ia surgindo, como se houvesse sido atropelada. Subidamente recordou-se o que havia acontecido. Ela havia sido atropelada!
 _Joana!- ela olhou em volta e Aline estava lá, ao lado dela, com seus delicados olhos castanho-esverdeados cheios de preocupação.
_Ah, Joana, que bom que você acordou! Que susto, heim!
_O que você esta fazendo aqui, Aline?
_O hospital me ligou, o único número de telefone que eles encontraram na sua carteira foi o meu! Como você esta? Parece péssima!- um tímido sorriso surgiu nos lábios de Aline, numa expressão de carinho.
_O que aconteceu? Onde eu estou?
 As lembranças do atropelamento estavam voltando. Tentou se sentar da melhor maneira que pode, havia soro em uma de suas veias.
_Calma, você foi atropelada, está no hospital há dois dias. O médico que esta cuidando de você já foi chamado.
Joana estava confusa, mas lembrou do acidente. Havia chuva e os faróis do carro vindo em sua direção. E aquela luz branca!
_Aline, está sentindo cheiro de violeta? Aí, minha cabeça dói!- levou à mão a cabeça, no local havia um enorme curativo.
_É melhor se deitar de novo, você bateu a cabeça e teve que levar alguns pontos, mas já fizeram exames e “graças a Ele” não aconteceu nada grave.
Aline fez com que Joana se deitasse novamente, via que ela estava desorientada, queria que o médico chegasse logo para examinar a amiga. Toda vez que Aline se referia a Deus o chamava de “Ele”, sabia que há muito tempo, Joana não queria ouvir o santo nome dele.
Joana deitou, fechou os olhos respirando fundo, sentia o corpo moído e cansado, onde a haviam furado para colher sangue e colocar soro estava arroxeado, pequenos hematomas se formaram como se ela houvesse se drogado, suas veias eram finas e difíceis de encontrar. Havia arranhões profundos na mão direita e todo seu braço esquerdo estava enfaixado.
O médico chegou e a examinou. Fazendo perguntas e mexendo aqui e ali pra ver como estavam os ferimentos. Examinou atentamente a cabeça de Joana, havia a preocupação de uma lesão grave no cérebro, mas após exames detalhados foi confirmado que ela estava fora de perigo, e que em mais dois dias teria alta. Ficaria no soro, pois estava bem desidratada e fraca. O médico disse a Aline, que foi constatado no exame de sangue grande quantidade de álcool, sem contar que Joana estava anêmica e desnutrida.
 No dia da alta, Aline estava no hospital para levar Joana com ela pra casa.
 _Você vai comigo, Joana! Deixa de ser teimosa. Porque esta agindo assim?
_Já disse que não vou com você. Eu não pedi pra eles te chamarem aqui! Você não precisava ter vindo.
_Ah, então é assim? Eu não precisava ter vindo! Joana olha pra mim!- Aline estava ao lado dela na cama, Joana olhava para o outro lado do quarto, não queria encarar a amiga.
Aline segurou sua mão e disse:
_Eu sou sua amiga há dez anos, às vezes conheço você melhor do que você mesma!- fez uma pausa.
_Eu amo você, o que aconteceu com Alberto não foi culpa sua. Não acha que é hora de parar de se culpar? Você esta se destruindo e eu não posso simplesmente ficar de braços cruzados e deixar você se matar.
 Lágrimas rolaram pela face de Joana, havia tanta dor, mas também havia saudades da amizade e do carinho de Aline. Por mais que tentasse lutar contra o que sentia, no seu coração sentia que merecia sofrer, desejava morrer.
_Aline, você sabia que no dia em que eu fui atropelada estava fazendo um ano da morte do Alberto? Eu não posso mais conviver com essa dor! E você não pode me cobrar nada, eu não tenho mais nada pra dar a ninguém.
_Eu sabia sim! Não esqueci o que houve com ele e não deixei de amá-lo porque ele se foi, mas você está aqui e tenho certeza de que ele gostaria que fosse feliz. Você não precisa ficar sozinha! Eu estou aqui, Joana, me deixa ajudar você, por favor!
  Agora Joana a encarava, os olhos úmidos e vermelhos, as duas se abraçaram, um abraço forte e cheio de saudade. Choraram juntas, os soluços embalando o reencontro emocionado das amigas. Antes do acidente, fazia uns oito meses que não se viam. Joana sempre fugindo, enquanto Aline a procurava. Queria ajuda - lá, dizer a ela que não se culpasse pela morte de Alberto.
                                              Continua...

Anita dos Anjos

Obrigado por estarem acompanhando meu Conto! Beijinhos...



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...