domingo, 25 de março de 2012

Haziel- Parte VIII


 Encarava o copo a frente, como se ali houvesse as repostas para todas as perguntas que vinham à sua mente: Porque Alberto morrera naquela noite e não ela? Porque ainda queria viver? E a maior questão de todas: Porque amar Haziel, se um dia o perderia também?
Seus olhos focavam o copo, sons de pessoas conversando e rindo enchiam seus ouvidos. Sentia uma enorme vontade de se drogar, mas os trocados que tinha no bolso já haviam acabado. Que horas seriam? Talvez Aline estivesse preocupada com ela. Queria apenas que sua consciência se perdesse e todos os sentimentos que habitavam dentro dela desaparecessem, mas não havia bebido o suficiente. Sentia os lábios de Haziel sobre os dela, a respiração doce e irregular dele. Fugira! Como fugia agora das lembranças da morte de Alberto, do olhar de seu pai. Quando acordou alguns dias depois do acidente, Alberto já havia sido enterrado e ela não estava lá e não pode se despedir, seu pai a culpava, sentia que ele deseja que fosse ela e não Alberto, ela mesma desejava isso.
 Naquela noite choveu. Ela estava em alguma festa com o pessoal da faculdade, não se lembrava na casa de quem. Já havia bebido muito e todos insistiam para que ela fumasse seu primeiro cigarro de maconha, ficavam rindo e debochando dela. _Quantos anos você tem, Joana? Fuma logo essa porra e deixa de frescura... Ou será que a menina católica não pode se divertir?-todos a encaravam.
Estava entorpecida pela bebida, sua mente girava e ela só queria ir pra casa, já podia imaginar a reação do pai e de Alberto, mas não conseguia se mover, colocaram o pequeno cigarro entre seus dedos, instigando-a a tragar, colocou na boca e puxou o ar para dentro, quando a fumaça invadiu sua boca e seu nariz, tossiu. Tossia descontroladamente e todos a sua volta riam. Então inclinou pra frente vomitando, uma sensação de abandono tomou posse dela. Se não estava ali, onde estaria?_ Alberto, me ajude!-estaria falando isso em voz alta ou estava apenas em sua cabeça.
 Não sabe por quanto tempo apagou, levantou a cabeça e sentiu a sala girar, estava deitada em um sofá, havia vômito no chão. Sentou-se desajeitadamente tentando focar em alguma coisa, procurou pela bolsa, estava jogada em cima da mesinha de centro junto a garrafas e latas de cerveja. Revirou-a procurando por seu celular, ligaria para Alberto, ele viria buscá-la e talvez não tivesse que explicar nada a seu pai. Tudo ficaria bem.
Estava sentada nos degraus da escada, a cabeça apoiada no corrimão, olhava a entrada da rua com atenção. Onde estaria Alberto que não chegava? Avistou os faróis e o carro se aproximou, parando rente a calçada, ouviu-o buzinar. Ela levantou cambaleante, sentia que tropeçava nos próprios pés, o chão longe e próximo ao mesmo tempo. Alberto saiu do carro dando a volta, a expressão em seu rosto não era boa.
_Joana, você estava bebendo? O que você fez?-ele levou uma das mãos à cabeça em sinal de preocupação, parecia estar analisando a situação, no entanto sentiu a raiva dele chegar até ela.
_Que droga, Joana! Desde quando você esta bebendo? Papai vai te matar!-aproximou-se dela depois que percebeu que ela não conseguia abrir a porta do carro, ajudando-a a entrar no carro e colocando o cinto de segurança. Deu a volta rapidamente e quando entrou no carro, sentiu que Joana fedia a bebida e a maconha também; ele mesmo, uma vez quase experimentou, mas no final das contas disse que não queria e ponto final.
_Joana o que você fez?-ele a encarava, incrédulo. Quem seria aquela pessoa na sua frente? Não poderia ser sua irmãzinha. A mesma que brincava de boneca até pouco tempo atrás e que cantava no Coro da igreja.
_Eu não fiz nada demais. Dá pra gente ir pra casa?- a voz dela saindo embargada, grogue. E sorriu, um riso seco.
Alberto deu partida no carro, seu coração estava acelerado, não acreditava que Joana havia se transformado em outra pessoa bem debaixo do seu nariz e ele não havia percebido, talvez por estar tão envolvido em seu relacionamento com Aline, o noivado e os preparativos para o casamento, talvez tenha se distanciado demais de casa e de Joana. A culpa era dele.
_Eu não acredito que você esta bebendo e usando drogas! Desde quando Joana? Responde. -sua voz saia mais alto do que gostaria, tremia e seu coração estava agitado.
No banco ao seu lado, Joana encarava a estrada, não acreditava no sermão que Alberto estava lhe dando. Logo ele, ela pensou que ele entenderia. Agora ela estava na faculdade, podia experimentar as coisas. Já que vivia em constante vigilância sob os olhares do seu pai. As regras, os horários... Queria apenas saber como era ser como as outras adolescentes.
_Cala a boca Alberto!-disse trincando os dentes, quase num sussurro. Olhou pra ele e se arrependeu no instante seguinte de ter dito o que disse. O que estava acontecendo com ela? Porque estava falando assim com o irmão.
_O que? O que você disse?-ele mal acreditou ter a ouvido dizer isso.
Grandes gotas de chuvas começaram a cair e logo a chuva desabou, a noite pareceu escurecer ainda mais.
 Eles discutiram. Joana se lembra de estarem discutindo, Alberto dizendo a ela que não poderia jamais tratá-lo assim, que ele a amava e se importava com ela, enquanto Joana gritava que queria que todos a deixassem em paz, que desejava viver sua vida sem ninguém lhe dizendo o que fazer. Pedia para Alberto parar o carro, queria descer. Batia no braço do irmão, fazendo gestos e chorando descontroladamente.
 Foi de repente, no instante em que Alberto desviou o olhar da estrada para olhar pra ela, naquele espaço de tempo, que pareceu congelar, Joana viu os faróis do caminhão na direção deles. Tudo aconteceu tão rápido, Alberto tentou jogar o carro para o lado na tentativa de desviar do caminhão, mas ele os acertou bem do lado em que Alberto estava, jogando o carro de lado, os fazendo capotar algumas vezes. Ela sentiu o sangue na boca e tudo a sua volta parecia uma ilusão, um sonho. Como se ela apenas estivesse tendo um sonho ruim.
Não foi um sonho e quando acordou no hospital, sentiu claramente, com toda certeza do mundo, que ela também havia morrido no acidente, não somente Alberto.

Continua...
Anita dos Anjos


“Dai-nos forças, senhor,
Para aceitar com serenidade
Tudo o que não possa ser mudado.

Dai-nos coragem para mudar
O que pode e deve ser mudado.

E dai-nos sabedoria
Para distinguir uma coisa da outra.”  

Caros amigos, espero que apreciem a continuação de Haziel! Minha internet finalmente melhorou, coloquei uma via rádio!  Estarei atualizando o blog e visitando a todos, muitas saudades...
Beijinhos e bye! 

10 comentários:

  1. Oiie Anjo, não sabe como fiquei feliz pelo comentário lá do blog, é bom saber que está de volta... senti saudades ^^

    Nossa, quase chorei com essa parte do conto, agora entendo porque a Joana se sente tão culpada, acho que qualquer no lugar se sentiria mesmo sabendo que foi um acidente e que ela não teve culpa. =/

    Em relação a perguntar que você deixou lá no blog: Sim, claro que você continuar com a história... não pode me deixar morrer de curiosidade :)
    Eu realmente preciso saber do final... ^^

    Antes que esqueça, o selinho comemorativo do niver do blog tá lá na pagina "De Isia, pra vocês"
    http://mundodeisia.blogspot.com.br/p/de-isia-pra-voces.html

    Super Beijos, e bem vinda de volta ^^

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  2. Anjo ANITA!! Depois de tanto tempo sem poder postar nenhum comentário em alguns BLOGS... Agora estou por aqui LIBERTA! Rsrsr...De sorriso nos lábios e saudades no coração...Desejo uma ótima PÁSCOA 2012!!


    Beijossssss

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  3. Oi anjos de todos nós, como vai?

    Nossa faz muito tempo que eu não passo aqui, vc deixou um ultimo comentario lá no blog, dizendo que sua internet estava com problema e não podia postar por um tempo, que até tinha esquecido! Ai estava vendo alguns post antigos do blog e vi seu comentario, claro lembrei do conto, mais já tem tantas partes. Vou começar a ler de novo e ai te digo o que estou achando! Voltarei muito mais vezes aqui, se quiser me visitar lo junto com meu bebê (# No mundo dos livros) ia ficar super feliz.

    @hyuugamarcos

    http://mundodosmngas.blogspot.com.br/

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  4. Olá minha amiga, que bom te-la de volta novamente e em força como sempre!!!
    Gostei muito, é uma história linda e que acima de tudo revela o seu talento minha querida!!
    Um beijo muito grande e...não some!!!!

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  5. Anita, que saudades de você!!!
    Estou passando rapidinho só para deixar um beijo (estou meio atarefada) daqui a pouco volto para ler a história!!!
    Muito obrigada por passar no DSM, que Deus lhe abençoe!!!

    Mil Sweetkisses ♥
    www.docesonhodemenina.com.br

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  6. Retribuindo a visita .. muuito bom o texto viu .. no fds volto pra ler o resto!
    Beijos

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  7. Olá, vim retribuir a visita, apreciar seu texto, que aliás amei, e voltarei pra acompanhar seus escritos. bjs sucesso, paz e bem

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  8. Oi Anjo,

    Sumi mais voltei, como vai querida? Saudades..

    beijos e uma ótima semana.


    Auxiliadora

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  9. oi Anita,

    Andei ausente por uns tempos e vim agora me atualizar dos cap de Haziel que perdi.

    beijinhoos, linda/!!

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  10. Amiga,trouxe um selinho comemorativo ao 2º aniversário do Chá da tarde.
    http://i701.photobucket.com/albums/ww15/M-amles/anigifchzinho.gif
    Linda semana.
    Beijos de luz.

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Comentários: combustível do blogueiro!

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