Joana estava tão
absorta, que não percebera que a noite já avançava. Desde que se dera conta de
que Haziel preenchera o vazio que havia surgido em sua vida com a morte de
Alberto, bem como a ausência de seu pai, ela temia que ele se fosse assim como
surgiu, “num passe de mágica”.
E parecia que
ele havia notado essa sutil mudança, pois agora reagia a ela como se tudo entre
eles fosse feito de vidro, frágil e quebradiço.
Como dizer a ele
sobre suas inseguranças?
Levantou da
areia e caminhou por aquele pedaço de terra úmido, sentiu um leve tremor quando
as ondas geladas lhe tocaram os pés descalços. A brisa do mar soprava leve e o
som do vai e vem das ondas era um calmante para seus pensamentos agitados e
perdidos.
O mar tinha esse
efeito sobre ela. Era como estar em casa.
Aline a havia
questionado sobre o que estava acontecendo de errado entre eles. A princípio,
ela negou, mas a amiga a conhecia tão bem. Como poderia mentir?
_Não aconteceu
nada Aline! É só que... É... Eu só não quero que ele se torne tão importante
pra mim que tenha medo de perdê-lo. - Aline a fitava de forma inquisitiva e preocupada,
como se faltasse algo que Joana não queria lhe dizer.
E havia muitas
coisas, outros sentimentos, em que não queria mexer. Sentimentos com os quais
não estava pronta para lhe dar. Ainda!
Fechou os olhos
e respirou fundo recordando as palavras da amiga.
_Eu só não quero
que você se magoe!
Abriu os olhos e deu as costas para o mar, cada passo que dava para alcançar o calçadão parecia pesar uma tonelada. Não que voltar para casa e estar com Aline lhe causasse desconforto, ela só não queria camuflar seu semblante para que Aline não se preocupasse tanto.
Quanto Haziel,
ele parecia saber o momento certo para se manter distante ou se aproximar. Não
a estava pressionando ou questionando sobre o que havia de errado. Deixando-a à
vontade para sentir seja lá o que estivesse sentindo.
De uma coisa ela
tinha certeza e absoluta, ela desejava Haziel com todas as terminações nervosas
do seu corpo. Ansiava estar com ele, era mais que desejo físico, era urgência e
torpor. Sentia que já o amava mesmo que negasse para si mesma.
E negava!
Continua...
Anita dos Anjos
Continuem
apreciando o Conto!
Beijinhos, bye...